“Senhor, eis-me aqui!”: A vida do leigo na comunidade.

O ano é 1992, em uma pequena comunidade da zona rural da cidade de Santo Antônio da Platina no norte do Paraná, eu com meus 14 anos finalizava meus estudos na catequese, havia feito a minha primeira comunhão e escolhia um padrinho para a Crisma.

De família humilde e muito católica eu sempre ajudei nos afazeres, já tinha empreendido meu primeiro negócio, vendia verduras numa feira, produtos que eu mesmo plantava e colhia no sitio em que morava com meus pais.

Mas como disse sempre fui de família católica e muito devota de Nossa Senhora, meus avós, tanto paternos quanto maternos, faziam constantemente a oração do santo terço, rezávamos em família sempre. A missa aos domingos para eles era uma necessidade, mesmo com as dificuldades de distância.

Logo que finalizei a catequese as coisas esfriaram um pouco e as faltas aos compromissos propostos pelos mandamentos da igreja começaram a diminuir. Nos domingos, jogar bola de manhã ficou mais legal que participar da missa, no final da tarde quem falava mais alto era o cansaço, e afinal na segunda feira o dia seria intenso. Os encontros em família para rezar o terço deram lugar aos estudos, os dias festivos celebrativos dos santos davam lugar as festas com os amigos, e assim deu início a vida de um jovem como muitos.

O tempo passa, as coisas acontecem em nossa vida e quando nos damos conta muitas coisas mudam, e num desses dias eu percebi que não estava mais atuante na igreja, que não participava mais das orações em família, que ler a palavra já não acontecia a bastante tempo, era uma vivencia como a de muitos que esfriam na fé e levam a vida normalmente.

Agora o ano é 2000, a vida muito corrida, os estudos, trabalho, amigos etc. tudo acontece numa velocidade incrível, até mesmo a saudade de participar de uma missa, me lembro bem que estávamos por ocasião da Pascoa, domingo de Ramos, e eu resolvi participar da missa. Fui, e ao celebrar aquela Eucaristia, senti uma grande saudade de vivenciar minhas raízes, ser também uma pessoa da comunidade de poder servir, não somente com a participação das missas, mas ir além. O chamado que o Senhor me fez ainda ecoa nos meus ouvidos atualmente.

Somos tão pequenos diante de Deus, e mesmo assim somos escolhidos e chamados continuamente.

A partir dessa época, comecei como leigo a frequentar semanalmente a santa missa, e isso me trouxe muitos benefícios. Logo fui convidado a participar de um grupo de jovens, aceitei meio desconfiado, fui e não mais parei. Me coloquei a disposição para auxiliar nas atividades, já expondo minhas dificuldades, como vergonha de falar, medo e insegurança para fazer uma leitura, participar da procissão do ofertório e todas as atividades que um leigo possa desenvolver. Mas aquele trecho do Evangelho que diz que “Deus não escolhe os capacitados, mas, capacita os escolhidos” pode ser muito bem utilizado para mim.

Nessa época me comprometi a ajudar como leigo por onde passar. Em 2004 começo a trabalhar em Londrina, uma das minhas preocupações era encontrar uma paróquia que pudesse participar, e aqui na Coração de Maria fui convidado a participar de um grupo de Jovens, foi amor à primeira vista, por anos me dediquei ao grupo participando assiduamente das atividades da paróquia.

Aqui pude conhecer pessoas incríveis, os Padres Claretianos com um jeito acolhedor me ajudaram a crescer como leigo, de leitura nas santas missas a Ministro da Eucaristia, participei de vários movimentos, como ECC, visitas ao hospital infantil, ajudo nos coroinhas, interajo com a catequese, atuei muito tempo com o grupo de oração e atualmente estou fazendo parte do terço dos homens e ministro da palavra nas celebrações.

Em todas estas participações sempre estive como leigo, o qual é muito prazeroso pois há grandes oportunidades de aprendizado e crescimento. Devemos nos cobrar sempre de fazer mais e melhor para Deus, mas o que trago sempre em meu coração é de fazer parte da minha comunidade, peço sempre ao Senhor que me dê a perseverança e a chama da fé para que eu possa sempre dizer “Senhor, eis-me aqui! ”

 

Autor: Fernando, paroquiano da Coração de Maria.

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