O Novo Testamento relata que Jesus e três dos seus apóstolos, Pedro, Tiago e João, subiram a uma montanha, chamada de Monte Tabor. E lá, após fazer sua oração ao Pai, o rosto de Jesus “brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (Mt 17,2) e então Ele teve uma visão dos profetas Moisés e Elias, e com eles conversou.
Os apóstolos testemunharam esse acontecimento extraordinário e também que Jesus foi chamado de “Filho” por uma voz vinda do céu, ou seja, pelo próprio Deus: “Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda a minha afeição; ouvi-o” (Mt 17,5)
O local também ficou conhecido na literatura cristã como o Monte da Transfiguração, onde existe a Basílica da Transfiguração, local de peregrinação de muitos cristãos.
Mas o que é a Transfiguração do Senhor?
Esse evento extraordinário representa o encontro da natureza humana de Jesus com o próprio Deus, o encontro do temporal com o eterno. No Monte Tabor, Jesus transforma a sua natureza humana, escurecida em Adão, e reveste-a com o esplendor divino, Ele reveste sua humanidade com sua glória. É a manifestação do Divino escondido no humano.
A Transfiguração de Jesus aconteceu 40 dias antes da sua crucificação, portanto este evento é como uma ponte que o conduz ao calvário e à ressurreição. E para os apóstolos, a Transfiguração foi uma preparação para que compreendessem melhor o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Neste dia o Pai dá testemunho diante deles de que Jesus é o seu Filho, o Messias prometido ao seu povo, enviado para nos resgatar, para nos salvar.
Contudo, os apóstolos ainda não estavam preparados para essa compreensão. E foi somente após a ressurreição de Jesus que eles se recordaram deste fato extraordinário no Monte Tabor e conseguiram finalmente entender os planos de Deus.
Para nós, hoje, a Transfiguração de Jesus é a confirmação de que Nele, desde a sua concepção no ventre de Maria, de fato coexistem simultaneamente a natureza humana e a divina. E ao manifestar sua divindade aos seus discípulos, Jesus pretendia garantir que esse fato extraordinário fosse testemunhado a todos e por todos os tempos. E de fato isso acontece, o episódio da Transfiguração de Jesus é narrada por três Evangelhos (Mateus 17,1-9, Marcos 9,2-8 e Lucas 9,28-36) e uma epístola (2 Pedro 1,16-18).
A Festa da Transfiguração de Jesus
Esta festa é celebrada não apenas por nós, católicos, mas também por outras religiões cristãs, como os anglicanos, ortodoxos e luteranos. Na Igreja Oriental, é celebrada desde o século V; e na Igreja Ocidente (Igreja Católica Apostólica Romana), desde 1457. Foi o Papa Calisto III que incluiu a Festa da Transfiguração de Jesus no calendário litúrgico da Igreja Católica.
E esta celebração é um convite a olharmos para o rosto de Jesus, o Filho de Deus, como fizeram os apóstolos. Se naquele evento extraordinário a intenção de Jesus era fortalecer a fé de Pedro, Tiago e João, hoje o propósito da Igreja é fortalecer em nós essa mesma fé na divindade de Cristo.
Mais do que isso, Jesus quis prepará-los para os eventos tristes e dolorosos que estavam por vir, para que permanecessem firmes na fé. E na atualidade, Ele quer preparar também a nós, para que possamos permanecer firmes na fé diante das circunstâncias difíceis que surgem em nossa vida.
Portanto, a cada momento de nossa vida, seja de alegria ou de dor, olhemos sempre com fé e esperança para o rosto resplandecente e glorioso de Cristo! Ele nos diz que depois do martírio do sofrimento, vem a glória, vem a vitória!