Santo Antonio Maria Claret

Quando, na manhã de 25 de fevereiro de 1934, os sinos de São Pedro, em Roma, repicavam a glória e a alegria recentemente nascidas da beatificação do Padre Claret, Sua Santidade o Papa Pio XI pronunciava estas palavras: “Temos um novo Beato…. uma figura verdadeiramente grande… apóstolo incansável…, e, além do mais, organizador moderno… grande precursor da Ação Católica quase como é hoje …

Particularmente da imprensa … Havia compreendido seu imenso valor. Para as máquinas modernas, para o livro, para o jornal, todos os sacrifícios eram poucos segundo ele. E, mais ainda, era um escritor muito fecundo… É uma coisa especial, talvez única; o amor pela grande difusão, pelos opúsculos; pelos folhetos, pelas folhas volantes…; queria que a imprensa chegasse a todo lugar e a todas as pessoas”.

Fonte: http://www.claretianos.com.br/

1. Tecelão em Sallent

Nasce em Sallent (Barcelona), no ano 1807. Nasce num lar humilde. Seu pai possui um modesto tear. Nele trabalha o jovem, Antônio e se torna um hábil operário. É, sobretudo, um cristão exemplar.
Os pais dão o exemplo, com aquela fé firme e aquela piedade ungida das antigas famílias espanholas.
Aos cinco anos – conta em sua Autobiografia – o problema da eternidade era uma profunda preocupação. (…) Aqui principia sua santidade e seu zelo apostólico: salvar a alma, salvar as almas.
Aos vinte e dois anos pensou na Cartuxa. Entretanto, ele não havia nascido para a tranqüilidade monástica.
Agora se manifesta sua vocação sacerdotal. Queria ser sacerdote, mas itinerante, apóstolo peregrino, missionário entre infiéis.
Faz-se jesuíta para alcançar este objetivo. Foi noviço em Roma. Por pouco tempo. A vontade divina lhe apontava outros rumos.

2. Sacerdote e Missionário

Deus lhe queria em sua Espanha. Começou sendo pároco em Viladrau, fazendo maravilhas. Entretanto parece que tinha brasas no peito e seus pés se moviam como asas. Os caminhos eram para ele um invencível incentivo. Havia muitas almas para salvar…! Não houve em toda Catalunha caminho que ele não tivesse percorrido naqueles sete anos de apóstolo peregrino. Caminhava a pé, sob o sol inclemente ou sob a chuva, açoitado pelos ventos, ou entre nevascas, por campos nevados, com a humilde e única batina e um grosso capote – velho e limpo. Em uma mão uma vara dava firmeza aos seus passos, e na outra, um grande lenço embrulhado guardava pobremente alguma coisa para comer e umas poucas peças de roupa. Em seguida, a pregação inflamada e avassaladora, as igrejas abarrotadas, as conversões sem conta, os milagres, as multidões correndo atrás dele.

3. Ativo propagandista

Nesta época Santo Antônio Maria Claret faz algumas fundações. Primeiramente, a Livraria Religiosa, em Barcelona. Queria inundar a Espanha de livros e folhetos. Para as almas simples e para as mentes cultas. Difundir a verdade de Deus em todos os estilos. Apresentemos algumas cifras: no primeiro ano edita 127.000 volumes. Nos oito meses seguintes, 200.000. Depois, em cada ano, não baixava de meio milhão. Nos dezenove primeiros anos alcançou a cifra de 9.569.800 exemplares. A maior parte distribuída pessoalmente por ele. E, por suposto, gratuitamente. Era um apaixonado pela propaganda religiosa. Quando arcebispo e confessor da Rainha, empregava na propaganda religiosa, de suas próprias economias, umas 50.000 pesetas.

4. Fundador de Missionários

No dia 16 de julho de 1849, em Vich (Espanha), funda a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria. Queria dar continuidade à sua obra apostólica. Queria deixar herdeiros e apóstolos de sua entranhável devoção ao Coração da Mãe de Deus. Esta devoção ele soube unir admiravelmente à do Santo Rosário. Hoje esta Congregação – com trinta e três províncias religiosas – se estende por todo o mundo, em cinqüenta e cinco países dos cinco continentes.

5. Arcebispo de Cuba

Santo Antonio Maria Claret, por obediência à Igreja, deixou a Espanha e veio para a América. Com que zêlo cultivou esta “vinha jovem”, como gostava de chamá-la. Por espaço de sete anos foi Arcebispo de Santiago de Cuba. Era também metropolitano de Porto Rico.
A caridade do Arcebispo era imensa e transbordava até os pobres. Foi ele quem introduziu em Cuba as “Caixas de Poupança”; foi ele que fundou uma grande Casa de Beneficência, onde os meninos internos aprendiam ofícios diversos, nela se instalou uma Granja Modelo, para os vários projetos de agricultura. Para este fim redigiu duas obras: Reflexões sobre a agricultura e As delicias do campo.

6. Confessor da Rainha Isabel II

No ano de 1857, Isabel II o escolhe para ser o seu confessor. Cansada de tantas intrigas e decepcionada com tantas deslealdades, a pobre rainha necessitava de alguém em quem pudesse confiar e com quem pudesse se aconselhar. Ninguém melhor do que um santo. Porém, para os políticos esta escolha da rainha não lhes era conveniente. Todo o Governo se opôs a esta decisão. Isabel, entretanto, manteve-se firme em sua escolha. O Padre Claret exerceu seu cargo com zelo e discrição inigualáveis. Soube falar à rainha com cristã liberdade. Não se meteu em política, mas sempre orientou a rainha para que agisse de acordo com sua consciência. A Corte espanhola floresceu então em piedade e bons costumes. Quando Isabel II – contra a sua vontade reconheceu o Reino da Itália, o Padre Claret se afastou então de sua companhia. Voltou novamente ao serviço de Isabel II por mandato do Papa Pio IX, e na hora crucial do destronamento, na revolução de 1868, foi quase o único que acompanhou a “rainha dos tristes destinos” ao desterro. O bem que o Padre Claret fez desde este cargo é incalculável, sobretudo para o bom andamento da Igreja espanhola.

7. Presidente do Escorial

Enquanto exercia o cargo de confessor real, o Padre Claret aproveitando as viagens dos Reis – desenvolvia uma atividade apostólica verdadeiramente assombrosa em Madri e em toda a Espanha. Mas aquele homem, de portentosa atividade, não parecia conhecer limites. Agora – sem abandonar seus ministérios – recebe o encargo, por vontade de Isabel II – do Real Mosteiro do Escorial, que estava abandonado. O Padre Claret instalou no Mosteiro uma comunidade de capelães, um coro de cantores, um seminário e um colégio, além de dotá-lo de uma biblioteca, laboratório de Física, ornamentos, salas de estudo, de ginástica, de recreação, dormitórios, classes e de um grande pomar de árvores frutíferas.

8. Perseguido e difamado

E este homem, que gastou sua vida servindo a Deus e ao próximo, foi furiosamente odiado e perseguido. É difícil encontrar em toda a história da Igreja algum santo que, neste aspecto, possa ser comparado a ele. Não se pode compreender como os inimigos chegaram a tanta infâmia: sátiras de mau gosto, piadas grosseiras, irreverentes caricaturas, escritos e gravações pornográficas, agressões espalhadas por toda parte: nos artigos dos jornais, em versos e canções populares, em textos claretianos maldosamente falsificados, em caricaturas insultantes e obscenas, em rumores profusamente difundidos. Até as caixas de fósforo serviam de veículo indecente para as caricaturas e piadas infames.
Foi tanto ódio contra ele a tal ponto que, desterrado na França, nem ali pode encontrar algum sossego. Ancião e muito doente, buscou refúgio na Abadia de Frontfroide. Os monges o acolheram com caridade edificante. Mas até ali chegou a fúria de seus inimigos. Os revolucionários de Narbona, instigados pelos revolucionários espanhóis, quiseram invadir o Mosteiro e arrancá-lo do leito em que jazia moribundo.
Assim morreu o Padre Claret, em terra estrangeira, longe da mãe pátria, confortado com o amor e a presença de seus filhos e a Hospitalidade dos monges cistercienses. Sobre sua sepultura, como epitáfio, puseram as conhecidas palavras do Papa São Gregório VII: “Morro no desterro por ter amado a justiça e odiado a iniquidade”.
Hoje, enquanto seus inimigos não passam de pó estéril e esquecido no sepulcro, a glória, de Claret resplandece no céu e na terra ao ser canonizado por Pio XII no dia 7 de maio de 1950.

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